A NATUREZA DA PESQUISA E
AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO
Ao se abordar o tema da pesquisa e avaliação na educação,
é importante conhecermos uma série de conceitos que consequentemente nos
levarão à duvidas mais ou menos importantes, mas certamente transcendentais. O
termo “pesquisa” nos indica que:
- Quais são as características diferenciadoras da
pesquisa cientifica a respeito das outras formas de conhecimento?
O que direciona o conceito de ciência, conhecimento
cientifico e como consequência a própria ideia do que é o conhecimento.
E o termo “educação” nos leva a reflexão se a pedagogia é
uma ciência ou não?
Se unirmos os conceitos, podemos questionar que tipo de
conhecimento obtemos a partir da “pesquisa em educação”.
Quando se trata das Ciências Sociais e Humanas, mais
concretamente nas Ciências da Educação, não há unanimidade sobre as finalidades
da pesquisa e avaliação, pois são muito variadas e exigem um desenvolvimento
das questões mais elaborado.
A PESQUISA CIENTÍFICA
O termo “ciência” provem do latim scire que significa conhecer, para se chegar a este conhecimento,
Aliaga, 2000, mencionado em Lukas & Santiago, (2004) recorre a uma
classificação dos diferentes métodos e suas fontes.
Tabela 1: Métodos de conhecimento e suas fontes (Aliaga,
2000, em Lukas & Santiago, 2004, p. 16).
Cada tipo de conhecimento apresenta vantagens e
limitações e em alguns casos são complementares ou coincidentes.
De acordo com, o Dicionário da Real Academia, 1992,
mencionado em Lukas & Santiago, (2004), ciência como: “conhecimento certo
das coisas pelos seus princípios e causas”, segundo esta definição são os
princípios da casualidade e certeza que levaria o conhecimento a categoria
cientifica frente ao conhecimento vulgar.
Com certeza, o conceito considerado como sinônimo de
verdade e objetividade e que se opõe a crença, se entende a consequência do
contraste com a realidade a partir de uma teoria de inicio (uma hipótese
fundamentada teoricamente) e por meio de uma metodologia adequada, já a ciência
tratada com a “objetividade absoluta”, cuja história. Um outro elemento tratado
aqui é a casualidade, que segundo este principio, tudo o que ocorre na
realidade se pode ordenar de acordo com uma serie de causas e efeitos.
O fato de se chamar a atenção para os principio de
objetividade e casualidade, presentes no campo das ciências naturais, é que no
campo das ciências sociais é um problema.
Logo o que chamamos de casualidade, que se conhece por
determinismo, podemos verificar que seja similar ao empirismo. Cohen e Manion, 1990,
mencionado em Lukas & Santiago, (2004), identificaram outras duas
características nos trabalhos científicos: o principio da economia (os
fenômenos devem ser explicados do modo mais simples possível) e da generalidade
(trata de generalizar suas descobertas a situações mais amplas do que realmente
as são).
Algumas definições de ciência:
A forma como obtemos o conhecimento, isto é, através da
aplicação de um método, é que diferencia o conhecimento denominado cientifico
do vulgar, afirma Bericat, 1998,
mencionado em Lukas & Santiago, (2004), que “não se pode existir pesquisa
sem método”. Dendaluce, 1998, mencionado em Lukas & Santiago, (2004),
afirma que a maioria dos autores costuma levar em conta três componentes na
hora de definir ciência: conteúdo, método e produto, sendo ainda definido como
“um modo de conhecimento rigoroso e metódico a fim de descobrir leis em um
objeto de estudo e expressar os conhecimentos adquiridos sistematicamente”
.De acordo com Latorre, Arnal e Del Rincón, 1996,
mencionado em Lukas & Santiago, (2004), o conhecimento cientifico tem um
conjunto de características que o diferenciam de outros conhecimentos, tipo o
vulgar:
O conceito de ciência esta diretamente ligado ao de
método cientifico, e que definimos como sendo:
“É um processo sistemático que engloba uma serie de
passos inter-relacionados com o objetivo de chegar ao conhecimento cientifico”.
Hernández Pina, et al 1995,
mencionado em Lukas & Santiago, (2004), tem resumido muitas propostas realizadas nos
manuais de metodologia e apresenta um modelo configurado com quatro grandes
etapas, que compreendem todas as possibilidades que poderíamos encontrar, sem
limitar-se somente ao denominado método hipotético-dedutivo experimental.
Seguem abaixo as etapas planejadas:
Um dos esquemas mais conhecidos e utilizados no processo
de investigação cientifica, retirado de Cea, 1996, mencionado em Lukas &
Santiago, (2004), é apresentado abaixo:
A PESQUISA EDUCATIVA
Um conceito muito importante é o investigação cientifica,
muitas vezes utilizado como sinônimo para método cientifico, cuja atividade é
rigorosa, sistemática e controlada, tem como objetivo a elaboração de teorias.
Estes planejamentos respondem as clássicas funções da ciência de descrever,
explicar, prever e controlar a realidade, que estão relacionados com o
desenvolvimento da investigação das ciências naturais.
Entretanto as ciências que tratam dos fenômenos da
natureza são diferentes das ciências que tratam o ser humano inserido em
sociedade, interferindo diretamente no modo como a pesquisa é conduzida.
Existem diversas características especificas, nos fenômenos sociais e humanos,
que dificultam a aplicação dos métodos da ciência natural na pesquisa das ciências
sociais e na educação. Entre outros vale destacar a multivariabilidade dos
fenômenos sociais, o papel que julgam os valores em geral e a
multidisciplinaridade.
A educação não é uma ciência tão desenvolvida como as
ciências naturais, entretanto não se pode hesitar que possa ser estudada de uma
forma cientifica.
Pensamos que o conceito de pesquisa cientifica nas
ciências sociais deva ser executada de uma forma mais ampla, superando a
característica estrita que se aplica nas ciências naturais e cumprindo certas
premissas como sendo uma atividade sistemática, controlada, empírica e
autocontroladora.
Muitos são os fatores que influenciam os fenômenos e
situações educativos, pois o ideal a ser atingido em um método cientifico
somente será aproximado. Segundo Cardona Moltó, 2002, mencionado em Lukas &
Santiago, (2004):
O estudo dos fenômenos educativos, de uma perspectiva
cientifica, são recentes, levando-se em conta outras ciências, tais como a
natural e a própria psicologia.
Ante a possível cientificidade da educação, se pode
apontar duas posturas básicas:
- Não a aceitam como ciência, pois esta postura define
como estrita e limitada aplicável somente no campo natural e não no social.
- Parte de uma concepção mais aberta do que é ciência,
pois a educação tem objeto próprio diferenciado de outras ciências ou
disciplina, rigor, método ou métodos, leis e teorias sistemáticas.
A pesquisa educativa é interdisciplinar, pois aborda os
problemas educativos na sociologia, na psicologia, na antropologia, na
economia, etc. Não podendo estar a margem e devendo contar como a contribuição
de disciplinas como a psicologia, sociologia, filosofia, etc.
E por ultimo deve ser feita um pequeno confronto entre a
pesquisa básica x aplicada. A questão chave é:
Qual o objeto da Educação?
Novamente estamos com uma dicotomia entre os que pensam:
- O objetivo é a busca do conhecimento cientifico a cerca
da educação (pesquisa básica).
- O objetivo é a busca de soluções praticas a partir da
compreensão dos fenômenos que ocorrem no contexto educativo (pesquisa
aplicada).
A educação não tem sentido se não for orientada a busca
de conhecimentos que sejam aplicados a prática educativa. Vale ressaltar que a
pesquisa básica sirva para solucionar problemas educativos e que a aplicada
contribua ao enriquecimento do corpo do conhecimento, sendo natural cumprir os
requisitos de uma pesquisa de qualidade. No final serão diferentes perguntas e
diferentes respostas, pois se baseiam em diferentes tipos de pesquisa. Para que
se avance é importante manter este enfrentamento entre os práticos e os
teóricos, entretanto até o momento não tem contribuído de forma significativa
para a solução de muitos problemas da educação.
Logo, o que nos leva a questionar:
O que é por tanto a pesquisa educativa?
A pesquisa em educação é uma atividade importante e
necessária no campo educativo e levou a ter um caráter de disciplina acadêmica
própria, contemplando conteúdos como: conhecimento cientifico, ciência, método
cientifico e pesquisa cientifica no contexto educativo. Atualmente tem um
sentido amplo como o estudo e analise da educação, tratando de questões e
problemas relativos a natureza, epistemologia, metodologia, finalmente o
objetivo de um marco na busca progressiva do conhecimento no âmbito educativo, Arnal, del Rincón y Latorre, 1992, mencionado
em Lukas & Santiago, (2004).
A concepção de pesquisa educativa como sendo cientifica,
aplicada a educação e seguida das normas dos métodos científicos em seu sentido
estrito, e que são apontadas como corrente positivista. Abaixo algumas
definições destes autores:
Dentro de uma nova perspectiva interpretativa, os
elementos fundamentais são a interpretação e a compreensão dos fenômenos
educativos, cujo objetivo não é encontrar explicações causais como interpretar
e compreender aqueles fenômenos educativos.
Na corrente critica, o componente ideológico é a marca,
pois a pesquisa educativa é concebida como uma reflexão permanente a cerca da
pratica educativa, pois o conhecimento se constrói na pratica e desde à
pratica. Este tipo de pesquisa foca muito mais na busca de soluções do que na
busca de problemas educativos.
Logo no momento de planejar a pesquisa educativa devemos
dar um maior ou menor valor aos elementos presente, pois influenciarão e
definirão o rumo da pesquisa educativa.
Referências
Lukas, J. F.,
& Santiago, K. (2004). Evaluación educativa.
Madrid: Alianza Editorial.
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